Adaptaçao e Roteiro

“O BARRIL DE AMONTILLADO”

FADE IN


CENA 01 INT. - RESTAURANTE – NOITE

MONTRESOR, sentado à mesa, em frente à FORTUNATO, planejando sua vingança, pelos fatos ocorridos no passado. Montresor é um homem de 63 anos, alta estatura, magro, careca, bigode ruivo, olhos avermelhados e olheiras profundas. Sabendo que Fortunato é um apreciador de vinhos, Montresor o convence a ir até a sua ADEGA para apreciar o tão saboroso AMONTILLADO.
CORTA PARA

CENA 02 EXT. – RUA/CAMINHO DA ADEGA – NOITE

MONTRESOR

- Tenho certeza que irá se surpreender com a qualidade de vinhos que há em minha adega!

FORTUNATO

- Como bom apreciador de vinho que sou, confesso que estou lisonjeado pelo convite, somente um grande amigo como você me daria à oportunidade de ser o primeiro a provar de suas especiarias.

CORTA PARA

CENA 03 INT. – ADEGA – NOITE
Local fechado, com várias prateleiras de madeira, porém muito antigo e com aspecto de abandono. Montresor vai em direção ao armário, pega duas taças.

MONTRESOR

(com as taças na mão)

- Aceita um vinho, amigo?

FORTUNATO

(pegando uma das taças)

- Cof, cof. Sim, sim. Obrigado! Desculpe-me, esta tosse está me matando!

MONTRESOR

(fingindo preocupação)

- Você não quer deixar o vinho para outro dia?

FORTUNATO

- De forma alguma. Cof, cof!

MONTRESOR

- Meu caro amigo, marcamos outro dia, vejo que você não está nada bem, e este lugar só irá lhe prejudicar mais.

FORTUNATO

- Deixe disso! Já que estamos aqui, vamos aproveitar. Além do mais, essa minha tosse é passageira.

MONTRESOR

(com uma garrafa de vinho nas mãos)

- Pois muito bem. Então comecemos com este aqui.

FORTUNATO

-Hum! Muito saboroso, mas exageradamente doce.

MONTRESOR

(com outro tipo de vinhos nas mãos)

- Ah! Então prove este, garanto que este lhe agradará.

FORTUNATO

(bebendo o vinho)

- Delicioso! Posso beber mais um pouco?

MONTRESOR

- Claro! Mas não exagere você ainda provará o Amontillado.

FORTUNATO

- Devo confessar que estou muito feliz com esse nosso reencontro, e por saber que os erros passados não interferiram na nossa amizade.

MONTRESOR

(falsa demonstração de afeto)

- Quem nunca errou? Esqueça o passado, nos conhecemos desde a infância, e não é por motivos tolos que jogaríamos fora uma amizade de tanto tempo.

FORTUNATO

(relembrando fatos ocorridos no passado)

- Já que está tão atencioso comigo, devo lhe revelar algumas coisas.

MONTRESOR

(intrigado e irônico)

- Fale querido amigo.

FORTUNATO

- Nunca tive a intenção de magoá-lo, mas durante sua viagem, sua mulher se sentiu muito sozinha e carente, e em uma noite, tomados pela bebida, nos entregamos corpo a corpo.

MONTRESOR

- Francamente, para que reviver o passado? Ela já faleceu há tanto tempo.

FORTUNATO

(aos prantos)

- Por que na realidade, o filho que ela deixou não é seu, é meu!

MONTRESOR

(boquiaberto, mas contido)

- Como assim? Mas...

FORTUNATO

- Me perdoe querido amigo, guardei este segredo dentro de mim anos e anos, e creio eu que tenha sido melhor.

MONTRESOR

-Sinceramente, não sei o motivo de termos tocado neste assunto, viemos até aqui para degustar o Amontillado não é isso?

Antes mesmo de Fortunato responder, Montresor vai em direção ao barril de Amontillado, que se localizava em um ESCONDERIJO escuro, mofado, sem muita ventilação e sem propagação de som.

CORTA PARA

CENA 04 INT. - ESCONDERIJO – NOITE

FORTUNATO

(confuso)

- Onde você vai?

MONTRESOR

- Me acompanhe!

FORTUNATO

- O Amontillado deve ser de ótima qualidade para estar tão bem guardado.

MONTRESOR

(sarcástico)

- Você nem imagina o que lhe aguarda, não perde por esperar. Será realmente inesquecível, e inigualável. Vinho de ótima qualidade, eu garanto!

FORTUNATO

- Sirva-me, por favor.

MONTRESOR

(com ar de falsidade)

- Com certeza.

FORTUNATO

(com a mão na parede)

- Estranho, estou ficando meio tonto.

MONTRESOR

(irônico)

- Deve ser o efeito do vinho. Você já bebeu demais, e agora deve descansar um pouco.

FORTUNATO

(observando o buraco no chão)

- Descansar? Mas como assim?

MONTRESOR

(empurrando-o para o buraco)

Assim!

Fortunato, totalmente embriagado, cai no buraco que Montresor havia cavado e rapidamente Montresor fecha o buraco com pedra e argamassa, enterrando-o vivo, completando assim, sua vingança.